Farmácia Básica

Há dois meses, procurei a agente de saúde de minha área e solicitei uma receita médica para um medicamento de uso controlado (hipertensão arterial), chamado ENALAPRIL. É uma das medicações mais baratas para a referida doença. Após algumas interpelações, a agente (que não tem culpa) sempre falava que não havia médico para assinar a tal receita. Muitas e muitas interpelações e até o momento nada. A moça já está até com vergonha (sem motivo, pois não é culpada) e eu ainda mais dela. Fico matutando o seguinte: Se uma medicação tão simples e barata, não pode ser despachada, seja lá por qual motivo for, imaginemos aquelas de maior custo. Louvo a Deus por poder adquirir tal medicação com recursos próprios (mesmo sendo obrigação do município fornecer tal medicamento), mas fico angustiado pelo tantos e tantos que não podem comprar. Na velha Roma, o pão e circo funcionava bem, mas não acho que na realidade do século XXI, as pessoas se conformem ou se iludam com carnavais e esmolas e esqueçam do básico do básico que é o direito a vida. Para o hipertenso, a ausência da medicação significa a morte. Saúde 24h, é querer muito que se cumpra, mas a farmácia básica funcionando com os padrões mínimos, é uma necessidade separadora entre a vida e a morte. E haja Raul Seixa com sua “metamorfose ambulante”.