Quando
Colombo chegou à América, em 1492, encontrou o continente habitado há
muito tempo por várias civilizações e povos. Os povos pré-colombianos
apresentavam diferentes estágios de desenvolvimento cultural e material,
classificados em: sociedades de coletores/caçadores e sociedades
agrárias. Dentro desse segundo grupo, três culturas merecem maior
destaque: os maias e os astecas, no México e América Central, e os incas
na Cordilheira dos Andes, na América do Sul. Alcançaram notáveis
conhecimentos de astronomia e matemática, além de dominar técnicas
complexas de construção, metalurgia e cerâmica. Não conheciam a roda e o
cavalo, mas desenvolveram técnicas eficientes de agricultura. Enquanto o
fim da cultura maia é até hoje um mistério, sabemos que os povos
astecas e incas decaíram perante à conquista espanhola.
1) OS MAIAS
O território maia
A península do Yucatán
foi o centro da cultura maia, a mais desenvolvida da América Central.
Os diversos grupos étnicos que formaram o povo maia chegaram à América
Central em 1500 a.C., vindos do norte, talvez procedentes do nordeste da
Ásia, pelo estreito de Bering. A civilização maia estendeu-se até os
atuais territórios de Belize, os planaltos da Guatemala e Honduras e
parte dos estados mexicanos de Chiapas e Tabasco. Acredita-se que, no
fim do século XV e início do XVI, as lutas internas entre as várias
cidades maias provocaram sua rápida decadência.
Para lembrar:
Os povos organizados
como sociedades de coletores/caçadores eram nômades, praticavam a caça, a
pesca e a coleta. A agricultura, quando presente, era rudimentar
(principalmente de milho e mandioca); desconheciam a metalurgia e
organizavam-se em tribos.
São exemplos dessas sociedades: os tupi-guarani do Brasil, os patagônios da América do Sul e os sioux da América do Norte.
As cidades maias
A civilização maia
organizou-se como uma federação de cidades-estado e atingiu seu apogeu
no século IV. Nesta época, começou a expansão maia, a partir das cidades
de Uaxactún e Tikal. Os maias fundaram Palenque, Piedras Negras e
Copán. Entre os séculos X e XII, destacou-se a Liga de Mayapán, formada
pela aliança entre as cidades de Chichén Itzá, Uxmal e Mayapán. Esta
tripla aliança constituiu um império, que teve sob o seu domínio outras
doze cidades. O conjunto da cidade era considerado um templo. Os
edifícios eram construídos com grandes blocos de pedra adornados com
esculturas e altos-relevos, como os de Uaxactún e Copán.
Para lembrar:
Os templos maias
tinham forma de pirâmide, com base retangular. Subia-se até a porta de
entrada por escadarias muito íngremes. Junto ao templo, quase sempre
havia um campo para o jogo de pelota. As pirâmides, embora semelhantes
às do Egito, não serviam de tumbas. Com freqüência, eram utilizadas como
observatórios astronômicos.
3. Os ritos
Só podiam subir aos
templos os sacerdotes, que formavam a classe mais culta. Os maias
acreditavam descender de um totem e eram politeístas. A influência dos
toltecas introduziu certas práticas cerimoniais sangrentas, pouco antes
da decadência dos maias. Adoravam a natureza, em particular os animais,
as plantas e as pedras. Cuidavam de seus mortos, colocando-os em urnas
de cerâmica.
Para lembrar:
A acrópole era o
núcleo da cidade e desempenhava funções religiosas e políticas. A praça
central tinha forma retangular e era rodeada de templos e palácios de
pedra. No início, os palácios tinham o teto plano, sustentado por vigas
de madeira. As vigas foram depois substituídas pela chamada
"meia-abóbada maia".
O calendário maia e a escrita
Os avançados
conhecimentos que os maias possuíam sobre astronomia (eclipses solares e
movimentos dos planetas) e matemática lhes permitiram criar um
calendário cíclico de notável precisão. Na realidade, são dois
calendários sobrepostos: o tzolkin, de 260 dias, e o haab de 365. O haab
era dividido em dezoito meses de vinte dias, mais cinco dias livres.
Para datar os acontecimentos utilizavam a "conta curta", de 256 anos, ou
então a "conta longa" que principiava no início da era maia. Além
disso, determinaram com notável exatidão o ano lunar, a trajetória de
Vênus e o ano solar (365,242 dias). Inventaram um sistema de numeração
com base 20 e tinham noção do número zero, ao qual atribuíram um
símbolo. Os maias utilizavam uma escrita hieroglífica que ainda não foi
totalmente decifrada.
A arte
A arte maia
expressa-se, sobretudo, na arquitetura e na escultura. Suas monumentais
construções — como a torre de Palenque, o observatório astronômico de El
Caracol ou os palácios e pirâmides de Chichén Itzá, Palenque, Copán e
Quiriguá — eram adornadas com elegantes esculturas, estuques e relevos.
Podemos contemplar sua pintura nos grandes murais coloridos dos
palácios. Utilizavam várias cores. As cenas tinham motivos religiosos ou
históricos. Destacam-se os afrescos de Bonampak e Chichén Itzá. Também
realizavam representações teatrais em que participavam homens e mulheres
com máscaras, representando animais.
2) OS ASTECAS
O território asteca
A cultura asteca
estendia-se pelo vale do México, o litoral do Golfo do México e do
Pacífico, a península de Tehuantec e parte da Guatemala. Os astecas são
herdeiros da cultura tolteca. Segundo a história, reconstruída a partir
dos códices que foram encontrados, sete tribos astecas procedentes do
nordeste do México estabeleceram-se em Coatepec e perto do lago
Pátzcuaro. No século XII, dirigiram-se até o vale do México. Em sua fuga
pelo lago Texcoco, depois de um enfrentamento de tribos, viram, numa
ilha, uma águia comendo uma serpente. Foi esse o lugar que escolheram
para fundar, em 1325, a sua capital: Tenochtitlán, a atual cidade do
México.
A agricultura da América
Se podemos associar a
civilização européia ao cultivo do trigo e a oriental ao cultivo de
arroz, a civilização americana era vinculada ao cultivo do milho. O
milho (ou choclo) constituía o alimento básico da população. No vale
mexicano, também se plantavam tomates, vagens, algodão, feijão, melão,
pimenta, pimentão, baunilha, abacate, amendoim e tabaco. O cacau era por
vezes utilizado como moeda. A batata é originária de zonas temperadas; a
expansão do seu cultivo se deve aos incas. Os povos da Mesoamérica
construíram canais para a irrigação, porém desconheciam o arado e a
roda.
Para lembrar:
O milho, a batata, a vagem, o pimentão e a abóbora são alimentos originários da América.
O Império Asteca
Os astecas pagavam
tributos à tribo tepaneca de Atzcapotzalco. Em 1440, a agressividade
dessa tribo causou o surgimento de uma tríplice aliança entre as cidades
de Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopán, que derrotou os tepanecas e
iniciou sua expansão territorial pela zona ocidental do vale do México.
Sob o reinado de Montezuma I, o Velho, os astecas tornaram-se um povo
temido e vitorioso, ampliando seus domínios em mais de 200 quilômetros.
Axayácatl, o sucessor de Montezuma, em 1469, conquistou a cidade de
Tlatetolco e o vale de Toluca. O Império ampliou seus limites ao máximo
sob o reinado de Ahuízotl, que impôs sua soberania sobre Tehuantepec,
Oaxaca e parte da Guatemala. Em 1519, sob o reinado de Montezuma II,
houve o primeiro encontro com os conquistadores espanhóis.
Para lembrar:
Os astecas cobriam a
cabeça, os braços e as pernas com plumas e peles de animais. Calçavam
alpargatas. Tanto a pintura como os ornamentos corporais serviam para
distinguir as classes sociais. Faziam furos nas orelhas, no nariz e no
queixo, onde colocavam adornos de ouro ou de osso. Os homens usavam um
pano amarrado na cintura e uma manta quadrada presa com um nó no ombro
direito. As mulheres vestiam saia e uma ampla camisa com mangas. O povo
asteca, embora não possuísse escrita alfabética, utilizava um sistema
hieroglífico próximo ao sistema fonético.
Os nobres
A sociedade asteca era
rigidamente dividida. O grupo social dos pipiltin (nobreza) era formada
pela família real, sacerdotes, chefes de grupos guerreiros — como os
Jaguares e as Águias — e chefes dos calpulli. Podiam participar também
alguns plebeus (macehualtin) que tivessem realizado algum ato
extraordinário. Tomar chocolate quente era um privilégio da nobreza. O
resto da população era constituída de lavradores e artesãos. Havia,
também, escravos (tlacotin).
A religião
A religião asteca era
politeísta, embora tivesse poucos deuses. Os principais eram vinculados
ao ciclo solar e à atividade agrícola. O deus mais venerado era
Quetzalcóatl, a serpente emplumada, criador do homem, protetor da vida e
da fertilidade. Os sacerdotes eram um poderoso grupo social,
encarregado de orientar a educação dos nobres, fazer previsões e dirigir
as cerimônias rituais. A religiosidade asteca incluía a prática de
sacrifícios. O derramamento de sangue e a oferenda do coração de animais
ou de seres humanos eram ritos imprescindíveis para satisfazer os
deuses.
3) O IMPÉRIO INCA
O território inca
O Império Inca teve
origem nas planícies andinas do Peru. No século XVI, estendeu-se até o
antigo reino de Quito e grande parte da atual Bolívia e Chile. O Peru
era habitado por tribos aimaras, quíchuas e yuncas. A partir do século
XI, os incas, de língua quíchua, começaram a dominar as demais tribos e,
no século XIII, construíram um grande império. A lenda atribui sua
fundação a Manco Capa e a Mama-Ocilo, sua irmã e esposa. A dinastia inca
impôs uma severa organização hierárquica. Sua capital ficava em Cuzco,
no Peru.
As fortalezas incas
Os edifícios incas se
caracterizam pela monumentalidade e sobriedade. Suas cidades eram
verdadeiras fortalezas, construídas com grandes muralhas de pedra. Os
incas eram mestres em cortar e unir grandes blocos de pedra; a
cidade-fortaleza de Machu Picchu é o exemplo mais espetacular dessa
arte. Machu Picchu foi descoberta em 1911, no topo de uma montanha de
2.400 m de altura, numa região inacessível da cordilheira dos Andes.
Outras construções incas importantes ficam em Cuzco e Pisac. Cuzco, a
capital do Império, tem uma rígida planificação urbana em forma
quadriculada.
Para lembrar:
A severa administração
hierarquizada dos incas também se revelou no bem-ordenado traçado das
cidades e aldeias. Nas zonas adjacentes ao povoado, ficavam os campos,
em terraços para o cultivo. Todas as aldeias comunicavam-se por uma
excelente rede de caminhos. Os povoados eram dirigidos por um conselho
de anciãos, que podiam ser nobres ou plebeus, e deviam obediência ao
imperador.
Formas de vida
A organização social
inca era muito hierarquizada. No topo estava o Inca (filho do Sol), que
era o imperador; depois a alta aristocracia, à qual pertenciam os
sacerdotes, burocratas e os curacas (cobradores de impostos, chefes
locais, juízes e comandantes militares); camadas médias, artesãos e
demais militares; e finalmente camponeses e escravos. Os camponeses eram
recrutados para lutar no exército, realizar as tarefas da colheita ou
trabalhar na construção das cidades, segundo a vontade do Inca. A
família patriarcal era a base da sociedade, mas até os casamentos
dependiam da autoridade máxima. O sistema penal era rígido e o sistema
político extremamente despótico.
O trabalho agrícola
A terra era
propriedade do Inca (imperador) e repartida entre seus súditos. As
terras reservadas ao Inca e aos sacerdotes eram cultivadas pelos
camponeses, que recebiam também terras suficientes para subsistir. A
agricultura era a base da economia inca; a ela se dedicavam os
habitantes plebeus das aldeias. Baseava-se no cultivo de um cereal, o
milho, e um tubérculo, a batata. As técnicas agrícolas eram
rudimentares, já que desconheciam o arado. Para semear utilizavam um
bastão pontiagudo. Os campos eram irrigados por meio de um sistema
formado por diques, canais e aquedutos. Utilizava-se como adubo o guano,
esterco produzido pelas aves marinhas. Possuíam rebanhos imensos de
lhamas e vicunhas, que lhes forneciam lã.
Cultura e religião
O idioma quíchua
serviu de instrumento unificador do império inca. Como não tinham
escrita, a cultura era transmitida oralmente. Com um conjunto de nós e
barbantes coloridos, chamados quipós, os incas desenvolveram um
engenhoso sistema de contabilidade. Na matemática, utilizavam o sistema
numérico decimal. Os artesãos eram peritos no trabalho com o ouro. Mesmo
sem conhecer o torno, alcançaram um bom domínio da cerâmica. Seus vasos
tinham complicadas formas geométricas e de animais, ou uma combinação
de ambas. A religião inca era uma mistura de culto à natureza (Sol,
Terra, Lua, mar e montanhas) e crenças mágicas. Os maiores templos eram
dedicados ao Sol (Inti). Realizavam sacrifícios de animais e de humanos.
OS POVOS INDíGENAS DA AMÉRICA PORTUGUESA
Quem eram os
habitantes daquela parte da América, quando os portugueses nela
desembarcaram? Eles formavam uma população heterogênea, estimada entre
três e cinco milhões de pessoas e estavam divididos em inúmeros povos:
tupinambás, potiguares, guaranis, etc. Falavam línguas diferentes e
tinham costumes também muito diferentes entre si.
As primeiras notícias
sobre os povos americanos chegaram à Europa no século XVI. Eram
histórias de viajantes, náufragos e missionários que viveram em aldeias
litorâneas, entre grupos tupis¹. Os relatos generalizavam os traços
culturais e, durante muito tempo, os índios foram considerados todos
iguais. Hoje sabemos que não formavam um grupo homogêneo; apesar disso,
podemos destacar características comuns entre eles.
Sua organização
social, por exemplo, era muito diferente da dos europeus. Não tinham um
Estado organizado, nem um único chefe. Cada povo era formado por
diversas tribos, que falavam a mesma língua, mantinham os mesmos
costumes e estavam ligadas por fortes laços culturais. Nas aldeias em
que viviam, as habitações eram geralmente organizadas em forma de
círculo ou ferradura. Algumas tribos contavam com uma única habitação
coletiva.
Os povos indígenas
praticavam a coleta de frutas e raízes, a caça, a pesca e, em alguns
casos, a agricultura. De modo geral, deslocavam-se quando os recursos
naturais da região ficavam próximos de se esgotar. Os grupos que
praticavam a agricultura viviam, em geral, em aldeamentos maiores. Mais
sedentários, dedicavam-se também a atividades como fabricação de
cerâmica e de tecidos. Os não-agricultores, por sua vez, subdividiam-se
em grupos pequenos, para facilitar a aquisição de alimentos.
Deslocando-se com maior freqüência, quase não produziam cerâmicas, já
que os recipientes eram incômodos para o transporte.
A coivara era a forma
característica de preparação do terreno para o plantio. Geralmente, a
roça pertencia a toda a tribo, mas os instrumentos de trabalho
costumavam ser de posse individual.
A divisão de trabalho
estava baseada no sexo e na idade. Simplificadamente podemos afirmar que
eram tarefas femininas cuidar da roça (do plantio à colheita), coletar,
fabricar farinha, fiar e tecer, fazer serviços domésticos e cuidar das
crianças. Os homens se responsabilizavam por derrubar a mata e preparar a
terra, caçar e pescar, fabricar canoas e armas, construir casas,
proteger a tribo e fazer a guerra. Os casamentos se davam, em geral,
entre membros da mesma tribo e em algumas sociedades era permitida a
poligamia.
O conhecimento indígena
Os povos indígenas
habitavam regiões naturalmente hostis, caracterizadas por densas
florestas. Tinham, entretanto, ótimo domínio e conhecimento da natureza.
Muitos grupos classificavam as estrelas em constelações. Os tupinambás
previam chuvas pelo aparecimento de certas estrelas e conheciam a
correspondência entre marés e fases da lua.
Inúmeras plantas eram
utilizadas para remédio e mesmo como veneno, que aplicado à água dos
rios intoxicava os peixes, facilitando sua captura. Alguns desses
venenos também eram utilizados na caça. O curare é o mais conhecido
deles. Colocado na ponta da flecha, paralisa e mata por asfixia o animal
ferido.
Os objetos fabricados
destinavam-se, em geral, ao uso no dia-a-dia (potes, urnas, etc.) ou em
ritos e lestas (pintura, enfeites plumários, etc.). Com variações de
tribo para tribo, fabricavam-se esteiras, redes e cestos de todo tipo.
Os adornos de plumas
eram usados em ocasiões especiais, já que sua confecção era trabalhosa.
Artisticamente combinadas em belas variações de cores, as plumas serviam
para fazer enfeites, como colares, brincos, braceletes, diademas,
toucas, caudas e mantas.
Nas pinturas corporais
eram utilizados principalmente o vermelho do urucum, o azul-escuro do
jenipapo, o preto do pó de carvão e o branco do calcário. As pinturas,
muitas vezes, estavam relacionadas com o papel social do individuo ou
com o ritual a ser realizado. Os motivos, geralmente geométricos, eram
utilizados também em peças de cerâmica e de cestaria.
Os conhecimentos
indígenas foram fundamentais para a sobrevivência dos europeus na
América. Principalmente nas primeiras décadas de colonização, e acabaram
incorporados à cultura que se formou na colônia portuguesa.
Situação atual dos povos indígenas
A maioria dos povos
indígenas encontra-se hoje em reservas, muitas delas impostas sem levar
em conta os interesses ou os territórios de origem dos diferentes povos.
Mas os piores problemas são enfrentados por aqueles que não têm suas
terras demarcadas e estão mais expostos à ação de invasores, como
madeireiros e garimpeiros. Mesmo os territórios demarcados correm
perigo. Não seria exagero afirmar que esse é um dos principais problemas
enfrentados pelos povos indígenas na atualidade.
A partir da
constatação de que seus direitos só serão respeitados se eles próprios
passarem a defendê-los, os indígenas do Brasil começaram a se organizar
em anos recentes. O acesso de muitos deles à instrução formal da
sociedade dominada pelo homem branco facilitou o processo de
organização, que culminou em 1980 com a fundação da União das Nações
Indígenas (UNI), cujo objetivo consiste em articular as cerca de
duzentas nações que habitam o país. As lideranças daí surgidas
conseguiram incorporar à Constituição de 1988 muitos de seus direitos.
JOSÉ JOBSON DE A. ARRUDA E NELSON PILETTI. TODA A HISTÓRIA -
HISTÓRIA GERAL E HISTÓRIA DO BRASIL. EDITORA ÁTICA, SÃO PAULO, 2002. P. 188 E 189.