Uma testemunha acusa o senador José Agripino Maia (DEM) de receber R$ 1
milhão no esquema investigado na Operação Sinal Fechado. O assunto é
destaque desta quarta-feira (09) no portal da revista Carta Capital.
Trata-se do lobista de São José do Rio Preto (SP), Alcides Fernandes
Barbosa. Ele foi preso com outras nove pessoas, em 24 de novembro de
2011, por envolvimento no esquema de inspeção veicular, montado por
empresários e políticos locais.
Segundo a revista, a testemunha
foi ouvida por um grupo de seis promotores de Justiça do Ministério
Público do Rio Grande do Norte (MPRN), que almejava um acordo que o
tirasse da prisão. O depoimento durou 11 horas e reforçou muitas das
teses levantadas pelos promotores sobre a participação de políticos no
bando montado pelo advogado George Olímpio, apontado como líder da
quadrilha, ainda hoje preso em Natal.
"De acordo com trechos da
delação, gravada em vídeo, Barbosa afirma ter sido chamado, no fim de
2010, para um coquetel na casa do senador Agripino Maia, segundo disse
aos promotores, para conhecer pessoalmente o presidente do DEM. O
convite foi feito por João Faustino Neto, ex-deputado, ex-senador e
atual suplente de Agripino Maia no Senado Federal. Segundo o lobista,
ele só foi chamado ao encontro por conta da ausência inesperada de
outros dois paulistas, um identificado por ele como o atual senador
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e o outro apenas como “Clóvis” –
provavelmente, de acordo com o MP, o também tucano Clóvis Carvalho,
ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso", diz a
revista.
Ainda de acordo com a revista, os promotores informaram
que o papel de Barbosa na quadrilha era evitar que a Controlar, uma
empresa com contratos na prefeitura de São Paulo, participasse da
licitação que resultou na escolha do Consórcio Inspar. Em conversas
telefônicas interceptadas com autorização da Justiça potiguar, Barbosa
revela ter ligado para o prefeito Gilberto Kassab (PSD), em 25 de maio
de 2011, quando se identificou como responsável pela concessão da
inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Aos interlocutores, o lobista
garantiu ter falado com o prefeito paulistano e conseguido evitar a
entrada da Controlar na concorrência aberta pelo Detran local. Em um dos
telefonemas, afirma ter tido uma conversa “muito boa”. Embora não se
saiba o que isso significa exatamente, os promotores desconfiam das
razões desse êxito. Apenas em propinas, o MP calcula que a quadrilha
gastou nos últimos dois anos, cerca de 3,5 milhões de reais.
Alcides
Barbosa revelou aos promotores que foi levado ao “sótão” do
apartamento do senador Agripino Maia, em Natal, onde arante ter
presenciado o advogado Olímpio negociar com o senador apoio financeiro à
campanha de 2010. Na presença de Faustino Neto e Barbosa, diz o
lobista, George prometeu 1 milhão de reais para o presidente do DEM. O
pagamento, segundo o combinado, seria feito em quatro cheques do Banco
do Brasil, cada qual no valor de 250 mil reais, a ficarem sob a guarda
de um homem de confiança de Agripino Maia, o ex-senador José Bezerra
Júnior, conhecido por “Ximbica”. De acordo com Barbosa, Agripino Maia
queria o dinheiro na hora, mas Olímpio afirmou que só poderia iniciar o
pagamento das parcelas a partir de janeiro de 2012.
O depoimento
reforça um outro, do empreiteiro potiguar José Gilmar de Carvalho Lopes,
dono da construtora Montana e, por isso mesmo, conhecido por Gilmar da
Montana. Preso em novembro de 2011, o empreiteiro prestou depoimento ao
Ministério Público e revelou que o tal repasse de 1 milhão de reais de
Olímpio para Agripino Maia era “fruto do desvio de recursos públicos” do
Detran do Rio Grande do Norte. O empresário contou história semelhante à
de Barbosa. Segundo ele, Olímpio deu o dinheiro “de forma parcelada” na
campanha eleitoral de 2010 a Carlos Augusto Rosado, marido da
governadora Rosalba Ciarlini (DEM), e para o senador Agripino Maia. E
mais: a doação foi acertada “no sótão do apartamento de José Agripino
Maia em Morro Branco (bairro nobre de Natal)”.
A Carta Capital
informou que com base em ambos os depoimentos, o Ministério Público do
Rio Grande do Norte decidiu encaminhar o assunto à Procuradoria Geral da
República, pelo fato de Agripino Maia e ser senador da República, tem
direito a foro privilegiado. Lá, o procurador-geral Roberto Gurgel irá
decidir se uma investigação será aberta ou não.
Fonte: Diário de Natal
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Conheço uma música que tem a seguinte expressão: "se gritar pega..., não fica um meu irmão..."
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